Os incêndios em vegetação, nos municípios atendidos pelos bombeiros voluntários em Santa Catarina, aumentaram 3,79 vezes de janeiro a maio comparado com o mesmo período do ano passado. Nos cinco primeiros meses deste ano, os bombeiros voluntários combateram 1.378 incêndios em áreas de vegetação nos seus diferentes tipos — reflorestamentos, restinga, pastagens, etc. — em 2019, aconteceram 363 atendimentos a casos semelhantes. O levantamento é das 31 corporações filiadas à Associação dos Bombeiros Voluntários no Estado (ABVESC).
Segundo o coordenador do Conselho de Comandantes da ABVESC e comandante da corporação de Concórdia, Juliano Camilo, há vários fatores que contribuem para o início do fogo e a propagação das chamas nesses ambientes como ação humana, natural, acidental, entre outras. Mas destaca que o fato que contribuiu para esse aumento significativo foi um inverno rigoroso em 2019 — o Oeste do Estado teve a menor temperatura desde 1945, de acordo com as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) —, além da estiagem que atuou sobre o Estado nos meses analisados.
As maiores variações no número de queimadas foram registradas pelas corporações de Itaiópolis, no Planalto Norte (saltou de 01 registro, em 2019, para 28, neste ano); seguido por Pomerode, no Médio Vale do Itajaí (de 1 para 16); e Araquari, na região Nordeste do Estado (de 3 para 36. Já em números absolutos, as corporações de Joinville (193), São Francisco do Sul (161) e Jaguaruna (145) registraram mais chamados para esse tipo de combate a incêndios nos primeiros cinco meses deste ano.
Pouca chuva
A situação de estiagem aumenta a preocupação com a incidência de incêndios em vegetação. O Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram/Epagri) prevê chuva abaixo da média climatológica para junho, julho e agosto. De acordo com o boletim divulgado no início deste mês, a precipitação continua mal distribuída e irregular no Estado, sobretudo em julho e agosto.
O Instituto do Meio Ambiente (IMA) divulgou nota onde destaca que os incêndios em áreas verdes preocupam consideravelmente, pois afetam gravemente a biodiversidade. “Sabemos que parte da vegetação se recupera, mas é incontável a destruição de flora e fauna, especialmente, nativas.”
Em números │Evolução das ocorrências
Filiada | 2019 | 2020 | Filiada | 2019 | 2020 |
Arabutã | 0 | 2 | Jaguaruna | 36 | 145 |
Araquari | 3 | 36 | Jaraguá do Sul | 27 | 108 |
Ascurra | 7 | 68 | Joinville | 30 | 193 |
Balneário Barra do Sul | 5 | 32 | Lindóia do Sul | 5 | 6 |
Barra Velha | 17 | 18 | Lontras | 0 | 31 |
Caçador | 12 | 12 | Massaranduba | 4 | 44 |
Campo Belo do Sul | 2 | 10 | Navegantes | 41 | 40 |
Concórdia | 8 | 31 | Penha | 1 | 19 |
Corupá | 3 | 14 | Pomerode | 1 | 16 |
Guaramirim | 17 | 57 | Presidente Getúlio | 7 | 24 |
Ibirama | 11 | 49 | São Francisco do Sul | 28 | 161 |
Ilhota | 11 | 38 | São João do Itaperiú | 6 | 24 |
Indaial | 33 | 95 | Schroeder | 12 | 56 |
Ipumirim | 1 | 4 | Treze Tílias | 6 | 5 |
Irani | 4 | 6 | Vitor Meireles | 24 | 6 |
Itaiópolis | 1 | 28 | Total | 363 | 1.378 |
Fonte: ABVESC
Dicas e cuidados │ Evite queimadas em áreas verdes
– Jamais atear fogo em área de vegetação ou roçado/desmatada sem a devida autorização e supervisão do órgão ambiental;
– Não usar o fogo como agente de limpeza, ou para renovar a pastagem, em quaisquer que seja o local;
– Não queimar lixo e entulhos, principalmente se for próximo de áreas de vegetação (este tipo de material deve ser destinado para o local certo, e não queimado);
– Não lançar “bituca” de cigarro pela janela do veículo pois a vegetação seca pega fogo com muita facilidade devido à baixa umidade do período de estiagem;
– Em acampamentos ou trilhas, ter cuidado na hora de acender fogueiras, velas, lamparinas e lampiões. Só acender fogueiras em local limpo e sem nenhuma vegetação em volta ou próxima ao rio. Quando deixar o acampamento ou não mais utilizar a fogueira, certificar-se de que as brasas já foram apagadas e resfriadas; preferencialmente, enterrar os resquícios da fogueira.
Sobre a Abvesc — A Associação dos Bombeiros Voluntários no Estado de Santa Catarina, criada em abril de 1994, agrega 31 corporações que atendem 1,6 milhão de catarinenses, em 50 municípios, nos serviços de socorro às diferentes urgências e emergências relacionadas com a atividade de bombeiro urbano — em 2019 foram 82.959 chamados. As filiadas somam 5.432 pessoas em diferentes programas como bombeiros voluntários operacionais, administrativos, bombeiros mirins, banda de música entre outros.